Em fevereiro de 2014, este terreno de mil metros quadrados não passava de um trecho de Mata Atlântica num condomínio na Serra da Cantareira, área de proteção ambiental a 40 quilômetros do centro de São Paulo. Menos de seis meses depois, a residência construída nele pelo arquiteto Hélio Carneiro recebia a mudança de seus pais, Maria Helena e Hélio.
Tão positivo como o cronograma bem-sucedido foi o compromisso de preservar 75% da vegetação nativa (o que também jogou a favor do calendário, pois agilizou a aprovação do projeto na Secretaria do Meio Ambiente – SMA).
O rigoroso planejamento garantiu o resultado da empreitada, segundo o arquiteto: “Levei três meses desenhando e mais um para programar os trabalhos”. Entre os desafios, estava criar um espaço acolhedor e seguro, de conservação simples e manutenção esporádica.
“O antigo sobrado da família se tornou inviável por causa de problemas de saúde do meu pai”, lembra o rapaz, que concebeu uma proposta sob medida para a atual fase de vida do casal. Aqui, os cômodos mais utilizados se concentram no térreo, livre de degraus e desníveis; as passagens extrapolam a medida-padrão; e o piso antiderrapante previne escorregões.
Com orçamento engessado e prazo apertado, o arquiteto encontrou a solução para as demandas no steel frame, sistema que utiliza painéis de aço perfilado como estrutura de paredes externas e internas.
“Por ser industrializado, esse método permite construir rapidamente e com o mínimo de desperdício e entulho. Mas é preciso ter muito cuidado no cálculo estrutural e projetar pensando nas características específicas dos componentes.” Isso significa, por exemplo, definir os vãos de acordo com a modulação disponível.
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“Também pressupõe eliminar do canteiro tudo o que é artesanal”, aponta Hélio, que seguiu quase à risca esse receituário. Como as exceções estavam programadas, não prejudicaram o andamento da construção. Uma delas foi recorrer a vigas metálicas na sustentação de cozinha e sala de jantar. “O steel frame possibilita o vão máximo de 1,20 metros, e eu desejava mais do que isso”, justifica.
O outro desvio, a adoção de telhado com estrutura de madeira, relaciona-se à busca de uma atmosfera de casa de campo. O cronograma consistiu em duas fases. Os 60 dias iniciais comportaram a limpeza e a regularização do terreno, o esgoto primário (fossa séptica e filtro anaeróbio), a fundação e a cobertura de grama.
Nos três meses seguintes vieram o steel frame, a elétrica, a hidráulica, o fechamento das paredes, o telhado e os revestimentos. “Enquanto a primeira etapa acontecia, produziam-se os painéis de steel frame e os outros elementos”, conta o profissional.